Ainda é noite de domingo,
mas cá estou eu escrevendo este texto como se já soubesse exatamente o
resultado que me aguarda amanhã.
Apesar do meio geral de
confiança que os participantes se encontram, meu pessimismo me faz crer
cegamente que fui desclassificada da quarta fase da 4ª Olimpíada Nacional em História do
Brasil. (Esquece
tudo. Já é segunda e a realidade sambou na cara do meu pessimismo. A gente
passou. =D)
Contudo, uma olimpíada não
se faz só de competição. Listo aqui as 50 coisas que aprendi com a 4ª ONHB:
1 – O que é lógico nem
sempre é o mais correto.
2 – Informação nunca é
demais, mas é preciso sintetizar para produzir.
3 – É possível sim fazer
novas (e boas) amizades em reuniões escolares, como as que aconteceram na ONHB.
4
– História do Brasil não é tão chato como aparentava ser.
5 – Um detalhe pode mudar
tudo.
6 – Uma equipe participante
na ONHB não é formada só por alunos. É constituída também por professores
orientadores, funcionários e garrafas de café roubadas.
7 – É em um momento desses
que você percebe quem realmente tem concentração e senso crítico e quem só
“aprendia” por decoreba.
8 – Falando nisso, a ONHB
também faz o participante aprender que História NÃO É decoreba.
9 – É necessária muita
calma, paciência, dedicação e concentração para realizar uma prova dessas,
independente da fase.
10
– Não ache estranho se você se flagrar analisando a expressão de um jumento
desenhado em uma charge. Faz parte da ONHB.
Como você vai se sentir diante de uma questão da ONHB.
11 – Não estranhe também se
você se flagrar analisando a cor do modess do Pedro Américo quando pintou “O
grito do Ipiranga” (ou “Independência ou Morte” – são aceitas as duas
denominações).
12 – TAMBÉM não estranhe
quando você começar a fazer essas piadinhas sem graça que envolvem
acontecimentos históricos e modess. Faz parte.
13 – Já que estamos falando
disso: não estranhe quando a primeira questão da sua prova da ONHB for sobre
modess (para os leigos, Modess foi a primeira marca de absorvente que chegou ao
Brasil. Olha aí a ONHB enfiando cultura na cabeça da pobre Raíssa).
14
– Foco não é suficiente na ONHB. É preciso ter foquíssimo.
15 – Se você não tiver
organização previamente estabelecida, prepare-se para se dar muito mal nas
outras matérias enquanto participa da ONHB.
16 – Esteja preparado para
passar duros 6 dias resolvendo questões que pedem um senso extremamente
detalhista e crítico.
17 – Esteja preparado para
passar os duros 6 dias batendo cabeça com as questões, mandar seu gabarito para
o site da ONHB e no outro dia descobrir que TODO MUNDO passou porque o site deu
um probleminha técnico e estava mostrando as respostas corretas pra quem estivesse
online, nas horas restantes para enviar.
18 – Depois de ter
comemorado por ter passado “de boa”, esteja preparado para descobrir que isso
aumentará o número de seus concorrentes.
19 – Depois, prepare-se
também para descobrir que sua equipe só tinha errado 1 questão na tal prova
(enviamos antes do site divulgar os resultados). Ou seja: prejuízo.
20 – Se tiver um blog,
prepare-se para esquecer que ele existe e aparecer apenas raramente para falar
algo sem sentido algum.
21 – Você vai sonhar
constantemente com coisas relacionadas com a ONHB.
22 – É com esses sonhos que
você descobre que seu professor orientador é o João Bidu e interpreta cada
detalhe (vulgo Sérgio Ricardo Melo).
23 – Nas reuniões da ONHB
você descobre que os gatos aprisionam os espíritos do mal, segundo minha colega
de equipe Márcia Valéria.
24 – Na correria do
cotidiano de um participante da ONHB, você passa a diminuir os nomes dos seus
colegas de equipe. Maria Clara Batista fica “Batistinha”, por exemplo (Mesmo
ela tendo odiado. Necessidades, necessidades. Amizades à parte.).
25 – Nem sempre a torcida da
sua equipe vai acreditar que vocês vão passar.
26 – Nem sempre o seu
professor vai acreditar que vocês vão passar.
27 – Nem sempre você vai
acreditar que vai passar.
28 – E convenhamos: nem
sempre você vai passar.
29 – Você descobre que, além
de participante da ONHB, precisa aprender a também afanar garrafas de café e
potes de peta da sala dos professores para levar para a sala de reunião.
30 – Você vai fazer isso
porque seu professor vai mandar, claro.
31 – Nem sempre a sua equipe
vai ter a mesma opinião. Prepare-se para ter que utilizar todo o seu poder
argumentativo.
32 – Se você tiver um
professor chato (ops, sem identificações, viu Sérgio?), prepare-se para ter que
argumentar com ele também, mesmo que toda a equipe resolva marcar uma mesma
opção.
33 – Você provavelmente vai
enjoar a cara de todo mundo da sua equipe durante as reuniões, mas vai sentir
muita falta quando a olimpíada terminar.
34 – O que você aprender na
ONHB vai te acompanhar nas outras disciplinas também. Poder de argumentação é
que o não vai faltar.
35 – Se você já for nervoso
naturalmente, prepare-se para chorar muito no decorrer da olimpíada.
36 – Nunca almoce no mesmo
restaurante que o resto da equipe almoçar. Pode ser que até no almoço você
precise comer ONHB.
37 – Serão comuns sonhos com
hotéis em Campinas, elevadores se fechando e ligações anunciando que você
passou pra próxima fase.
38 – Serão comuns, mas não
precisam ser levados à sério. ONHB já requer muito esgotamento físico e mental,
não crie muitas expectativas.
39 – Torne-se apto a ler
muito. Em uma única questão, é provável que você leia mais do que precisou ler
em todo o mês para fazer sua prova mensal.
40 – Você percebe que,
chegando ao 40º motivo para participar da ONHB, passou a escrever muito mais
besteira do que escreveria antes.
41 – O seu primeiro impulso
vai ser colocar a culpa na ONHB.
42 – O segundo vai ser
lembrar que está com esse humor ridículo porque está tentando ficar calma
enquanto o resultado da próxima fase não sai.
43 – Você lembra que é
pessimista e que acha que não vai passar.
44 – Falando em pessimismo,
é aconselhável que o participante da ONHB frequente uma psicóloga.
45 – Falando nisso, nunca
comente com uma amiga que frequenta uma psicóloga se o seu professor orientador
estiver almoçando no mesmo restaurante que o seu. Ele provavelmente estará
comendo e ouvindo tudo que você diz e passará o resto da ONHB te atormentando
com isso. (Experiência própria).
46 – Se você já frequenta
uma psicóloga, prepare-se para ter que trabalhar seu repentino medo crescente
por todas as 300 futuras equipes que estarão na final, em Campinas (e que serão
constituídas, no seu inconsciente, por monstros devoradores de documentos
historiográficos e tomadores de café sem açúcar).
47 – Como participante da
ONHB, você se torna apto a conhecer todas as salas proibidas para alunos da sua
escola. Um dia estará fazendo a prova no computador do diretor da escola, mas
no dia seguinte pode se encontrar na sala da psicopedagoga. O que não o isenta
de, no dia seguinte, estar na sala dos professores tomando posse da garrafa de
café.
48 – Sim, participar da ONHB
te transforma num monstro degustador de café.
49 – Algumas vezes você vai
precisar tomar café e coca-cola em um intervalo de 5 minutos para conseguir
ficar acordado durante a reunião.
50 – É esse tipo de
experiência que te afeta pro resto da vida e te faz escrever esses 50 pontos
com um senso de humor ridículo recém-adquirido para preencher a sua também
recém-adquirida personalidade ranzinza e pessimista.
Pra fechar, frase clichê e
adaptada:
A
História pode ser bonita, mas com a ONHB fica linda.
(Uma maré de risos agora por
parte desta pessoa que vos escreve. Não aguentei ter lembrado desta frase de
comercial de cosméticos, desculpa).
É
isso aí. Valeu, ONHB. Agora é foquíssimo na 5ª fase! hehe
Raíssa Muniz
16 de setembro de 2012
vou participar da ONHB esse ano, mas como sou calouro, as pessoas não me querem em suas equipes, então até agora consegui uma menina do 3 ano... pra quem não é muito experiente... o que vc indica que faça?
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