Preciosidades de estante: Dom Casmurro — Machado de Assis.

Retratação de cena do livro.
IMPORTANTE:
1 - Desde que a tag "Preciosidades de estante" foi lançada, sábado passado, era de meu interesse que uma nova análise crítica fosse postada todos os sábados. Como percebi que nem sempre eu conseguiria tal feito, as análises/resenhas serão postadas no fim de semana como um todo (ou seja: ou será no sábado OU no domingo).
2 - É importante lembrar também que todas as análises/resenhas postadas aqui na tag são de minha autoria, portanto a opinião que será colocada em cada uma delas é pessoal e em momento algum estarei colocando o que o público geral acha (lógico, existirão ocasiões que minha opinião será a mesma da maioria, mas não é esse o meu objetivo).
3 - Esta análise está mais organizada que a anterior porque foi diretamente retirada de um trabalho escolar.

Dom Casmurro — Machado de Assis.
Raíssa Muniz  — análise escrita em 3 de setembro de 2012.

ÍNDICE
1 – Bibliografia
1.1: Correlação entre vida e obra
2 – Resumo do enredo
3 – Personagens
4 – Tempo
5 – Espaço
6 – Foco Narrativo
7 – Estilo
8 – Verossimilhança
9 – Movimento literário
10 – Conclusões




BIBLIOGRAFIA

“Dom Casmurro” foi uma obra literária escrita em 1899 por Machado de Assis, tendo sido publicada neste mesmo ano pela Livraria Garnier. Foi produzida já visando uma posterior publicação em livro – a mesma aconteceria no ano seguinte (1900).
É considerada parte principal da “Trilogia Realista” de Machado de Assis, completando a coleção primariamente ocupada por “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Quincas Borba” (ambas lançadas ao público através de folhetins).
É também apreciada como a mais importante obra do escritor, tendo contribuído de forma significativa para que o mesmo fosse eleito um dos maiores nomes da literatura mundial (junto com Dante, Shakespeare e Camões), além de ser também chamado como “o maior escritor brasileiro de todos os tempos” por uma maioria crítica estarrecedora.

Correlação entre vida e obra:

A obra “Dom Casmurro” traz uma temática fortemente voltada ao adultério na sociedade burguesa daquela época. Sendo a relação extraconjugal quase sempre ignorada para evitar escândalos e polêmicas perante a sociedade, Machado de Assis traz uma visão crítica no desencadear construtivo das personagens principais.
Bentinho é descrito como o homem terminantemente apaixonado, enquanto Capitu é a encantadora dissimulada. O autor constrói no homem o papel de submisso que tudo perdoa, enquanto forma na mulher uma verdadeira personificação da dissimulação e infidelidade.
Em contrapartida, Machado de Assis vive uma relação supostamente harmoniosa com sua esposa Carolina Augusta, tendo descrito a mesma várias vezes com adjetivos que remetem ao bucolismo e a uma inteligência serena.
Apesar de tais atributos, o escritor supostamente tivera um caso extraconjugal durante a produção de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, sendo o mesmo abafado – tal qual a suposta traição de Capitu – para evitar escândalos sociais e preservar o nome do mesmo enquanto personalidade artística.
Sendo um texto a principal releitura dos ideais de um escritor, Machado parece transferir seu suposto ato falho de traição para Capitu, enquanto incorpora Carolina Augusta em Bentinho, como a vítima que tudo suporta, tudo crê e tudo perdoa.



O escritor Machado de Assis.

ENREDO

“Dom Casmurro” é uma obra narrada em 1ª pessoa por Bentinho, um dos personagens principais. Semelhante a um “diário de lembranças”, o livro traz todas as recordações que o protagonista sente necessidade em expor – dando ênfase ao seu caso de amor pueril e controverso com Capitolina.
Cronologicamente, o enredo trata da juventude de Bento reforçando a promessa que sua mãe fizera (de que o mandaria para o seminário) – e consequentemente, sua reação perante tal descoberta.
Bento se encontra diante do impasse de obedecer ao juramento da mãe e seguir seu próprio sonho – que é se casar com Capitu. Tendo ido ao seminário, conheceu lá aquele que se transformaria em seu grande amigo – e também um dos protagonistas do livro –: Escobar.
Apesar disso, seu amor por Capitu continua forte, perdurando a cada linha descrita pelo narrador. Assim, Bento consegue sair do seminário e se casar com aquela que seria “o grande amor da sua vida” sem descumprir a promessa da mãe.
A trama, no entanto, gira em torno do nascimento e desenvolvimento do filho do casal, Ezequiel, que parece herdar muito mais traços de Escobar, levantando assim dúvidas quanto ao seu verdadeiro parentesco.
Em suma, a dúvida que cerca Bentinho até os últimos dias de sua vida é se ele foi ou não traído por Capitu, tendo como prova principal dessa lembrança o próprio filho.


PERSONAGENS

Bentinho/Dom Casmurro: Bento Santiago apresenta um comportamento metamorfoseante, apresentando-se algumas vezes como apreciador da vida; em outras, contudo, aparenta uma melancolia fortemente reproduzida nas palavras do narrador. Em certo ponto do romance, a personagem  expressa certa maturidade ao narrar os fatos que permearam seu caso amoroso e desconfianças perante Capitolina.
Capitu: A personagem de Capitolina desde o início do romance apresenta tendências à ambição, demonstrando ainda na adolescência seus pensamentos “atrevidos” demais para sua faixa de idade. É também descrita como misteriosa, com seus “olhos de ressaca” ou “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Consegue mudar de posição social através de seus atributos envolventes, mas não se mantém firme na mesma por ausência de auto controle – como é percebido no seu suposto caso com Escobar, amigo de seu marido, Bento.
Escobar: É apresentado ao leitor quando, ainda no seminário, conhece Bento Santiago e inicia com ele um forte laço de amizade, que viria a perdurar por todo o livro. Casa-se com Sancha, amiga de escola de Capitu, mas supostamente teria traído a esposa com a mulher de seu amigo Bento. Durante todo o livro, aparenta um auto controle muito determinado.
Sancha: Esposa de Escobar e amiga de Capitu. É descrita no livro como impassiva e fiel, principalmente no que se diz respeito ao seu casamento.
Ezequiel: Oficialmente, filho de Capitu e Bento Santiago. Contudo, concentra o ponto-chave da trama por ser (ou não ser) o fruto da traição de Capitu com Escobar.
Capitolina: Filha de Escobar e Sancha. Pouco descrita na trama.
José Dias: É reconhecido na trama por seu vocabulário ornamentado com superlativos, além da constante bajulação. É agregado da família Santiago, tornando-se também uma espécie de conselheiro moral da família.
D. Graça: Mãe de Bento, viúva e beata devotada. É descrita por sua intensa religiosidade.
Padre Cabral: Aparece em intervalos regulares, sempre personificando a opinião do autor sobre a Igreja naquela época.


TEMPO
A trama é descrita no século XIX, sendo narrada como um livro de lembranças; partindo do presente, os fatos são retomados regressivamente.

ESPAÇO
Rio de Janeiro do século  XIX.

FOCO NARRATIVO
É narrado em 1ª pessoa com frequentes observações e comentários pessoais sobre os acontecimentos, dando assim um novo rumo à trama.

ESTILO
Machado de Assis traz um estilo expressivo de descrever detalhes psicológicos, parecendo fazer um “raio-x” de suas personagens.

VEROSSIMILHANÇA
A narrativa traz de forma significativa uma crítica à sociedade burguesa daquela época, focando sua trama na forma como o casamento era encarado. Além disso, mostra também os preconceitos da sociedade carioca do século XIX e a influência que a Igreja tinha sobre todos.

MOVIMENTO LITERÁRIO
A obra é classificada como uma das mais importantes do movimento literário realista (Realismo).

CONCLUSÕES
“Dom Casmurro” é uma importante obra da literatura brasileira que nos permite conhecer os dogmas e preconceitos da sociedade burguesa carioca do século XIX, levantando questões como casamento, relações interpessoais e influências sacerdotais. O autor, Machado de Assis, não só descreve fisicamente a sociedade e seu ambiente, mas parece fazer uma releitura profunda de seus medos, de suas modas e de seus gostos. Assim, podemos concluir que o livro não só acrescenta uma nova perspectiva sobre o passado brasileiro (mesmo tendo personagens supostamente ficcionais), mas também critica os problemas implicitamente enfrentados por ela naquela época.
Machado de Assis também traz uma forte subjetividade sobre o assunto que sua obra carrega com mais força: o casamento. Com o passar das páginas, o leitor pode perceber sua própria opinião, que por vezes é misturada com a de Bento Santiago, rebuscando assim seus ideais, críticas e preconceitos próprios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário