O Pequeno Príncipe - Meu primeiro livro


Há sete anos ganhei o meu primeiro livro de caráter mais maduro, e mesmo sem nem desconfiar, recebi com ele o passaporte para todas as aventuras que vivi até hoje. Contudo, não foi para narrar minhas viagens por entre as páginas que iniciei essas linhas que teimam em se estender pelo resto da folha. Recorri ao companheirismo do papel para mostrar como um simples livro de criança pode responder a todas as perguntas que me ocorreram em um considerável intervalo de anos.
Quando o recebi, na época com seis anos, simplesmente o abri com a ponta dos dedos e me pus a observar as figuras, ou como a própria capa informa, “as aquarelas do autor”. Após alguns dias tentando desvendar o significado de um bom número de vocábulos de meados do século XX, fui encarregada de provar ao resto da família que eu entendia perfeitamente todas as expressões, todas as palavras e principalmente, tudo o que o livro estava tentando me passar através daquelas palavras que eram rodeadas de desenhos desconhecidos, representando um garoto magricela de cabelos dourados e sua expressão misteriosa. Como o combinado, provei que pelo menos as palavras tinham algum significado para mim, fazendo assim um resumo de pouco mais de vinte linhas (porque até a quantidade era cobrada).
Após a entrega do “certificado de leitura”, fui recompensada com um prêmio: mais um livro e consequentemente, mais um resumo. Às vezes chego a pensar que é por isso que tenho tanto amor por livros e pelo ato de escrever: quando criança, eu nunca era recompensada com outra coisa quando tinha um livro à disposição para me servir de prêmio.
Apesar de tudo, algo naquele primeiro livro ainda era motivo de indagações. Talvez fosse a linguagem um tanto desconhecida para uma criança de seis anos, ou talvez fosse o livro em si, o seu significado. Agora, sete anos depois, posso responder com certa segurança que foi o próprio significado que não me agradou no princípio, principalmente porque era um texto de caráter extremamente literário, onde a interpretação é que daria rumo àquela história de criança. Consequentemente, não voltei a lê-lo sem estar preparada para pensar demasiadamente sem obter nenhum resultado e apesar de todos dizendo que minha interpretação estava correta, a criança curiosa que existia (e existe) dentro de mim sabia que se contentar com o que todos concordavam não era seguro.
Logo, depositei o polêmico texto em minha estante e apesar de vez por outra, abri-lo e folhear suas páginas, nunca me arrisquei a julgá-lo novamente. Coincidentemente, foi nesse período que ele esteve guardado que toda a sua história passou na frente dos meus olhos, e embora nada tivesse acontecido exatamente como no livro, minha mente ainda teimava em fazer associações. Foi assim que, finalmente, entendi o que o Pequeno Príncipe estava tentando me dizer. Cheguei a interpretar e associar tanto aquele livro que até mesmo a dedicatória fazia sentido para mim, e, diga-se de passagem, esse sentido não era pouco. Por alguns minutos — ou melhor, por algumas linhas —, eu sentia que o autor, Antoine de Saint-Exupéry, tinha entrado em minha própria mente para escrever essas palavras: “[...] Peço perdão às crianças por dedicar este livro a uma pessoa grande. Tenho um bom motivo: essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo. Entretanto, tenho um outro motivo: essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas, até mesmo os livros de criança. Tenho ainda um terceiro: essa pessoa mora na França e ela tem fome e frio. Ela precisa de consolo. Se todos esses motivos não bastam, eu dedico então este livro à criança que essa pessoa grande já foi. Todas as pessoas grandes foram um dia crianças — mas poucas se lembram disso. [...]”.
Foi assim que a cada capítulo uma informação nova era associada a um fato do cotidiano. Dessa maneira também descobri que dentro de cada um de nós existe um Pequeno Príncipe a procura de um carneiro, tentando proteger sua rosa dos males do mundo externo e embora a lógica aponte que as crianças possuem mais características desse pequeno aventureiro, ainda teimo em rebater que são os adultos os maiores portadores.
Apesar de tudo, nada foi tão significativo como a frase dita pela raposa ao Pequeno Príncipe: “Só se vê o bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. Foi com essa frase que, de repente, dúvidas de um ano inteiro foram respondidas de maneira unânime, e mais uma vez, achei respostas únicas em um livro de fábulas infantis.

Raíssa Muniz — 12.04.11

PS: Já se passou 1 ano desde que este texto foi escrito, mas a opinião que retratei nele está ainda mais forte agora.

Será que vai dar certo? (45 dias de reabilitação - dia 5)



            Começo esse texto com a seguinte indagação: e agora, será que vai dar certo?
           Será que toda aquela euforia, todo aquele bom humor, toda aquela vontade, esvaíram-se com uma simples noite de sono?
           Hoje tudo pareceu tão utópico, tão errado... Não que eu tenha me arrependido da promessa que fiz, mas entrar em abstinência daquela vida “ toda errada” que eu levava está me rendendo muitas e péssimas noites de sono.
           Sim, noites de sono mesmo, não só o período pré-adormecer. As coisas andam tão confusas, tão desgovernadas, tão irreais, que até em sonhos essas indagações me visitam.
           “Será que o que eu fiz foi o certo?”, “Será que vai ser o melhor pra mim?” e a última, que me rendeu boas horas de reflexão: “Será que vai fazer diferença pra alguém?”
           Sim, vai fazer. Só não é agora, já que não está fazendo diferença (positiva) nem pra mim ainda. Acho que ficar nessa de “Ah, ninguém se importa” ou “Nossa, pessoa xis não ligou para o que está acontecendo” não te leva a nada. Sério, sério mesmo. Não espere opiniões positivas em tudo que for fazer. Aliás, não espere opiniões positivas. Quando o foco é se desapegar, a sua já basta. 


Raíssa Muniz


45 dias de reabilitação.

          
          16/06/12. Um marco para 2012, sem dúvidas. Foi esse o dia que decidi me desintoxicar de tudo aquilo que me causava agonia. Com essa data também tive que repensar alguns atos, afastar-me de coisas que eu nunca imaginava sem. Não que isso possa ser classificado naquela categoria de “agonia”, como citei anteriormente. Essas atitudes, creio eu, ajudarão o coração a pensar. Ajudarão a mente a perceber, a sentir, a se expressar. Sim, pode até ser que eu esteja errada, que tudo ficasse melhor da maneira que estava. Mas convenhamos, bem melhor quebrar a cara tendo feito algo que acreditava que se decepcionar com algo que nunca acreditou, em instante algum.
Acho que foi nesse dia também que eu tive coragem de me encarar no espelho e perceber o quão infantil e frívola eu estava sendo. Com os estudos, com os amigos, com meus sentimentos, com quem acreditava em mim, com quem não acreditava, com quem me esnobou, com quem me acolheu... Enfim, com a vida.
Acho também que essa data foi só uma desculpa preguiçosa do meu cérebro pra começar uma mudança no momento propício. Afinal, 16, sábado, férias... E recomeço (mais uma vez).
Propício ou não, vou (tentar) organizar minha vida aos poucos.
Procurar os meus objetivos com mais afinco, esquecer o que me faz mal com mais veemência.
Estudar mais (sim, aproveitar todo o tempo que perdi quando, coincidentemente, eu estava perdida dentro de mim mesma). Viver mais a vida real, esquecer um pouco esse complexo virtual que me cerca.
Ler mais livros, conhecer mais pessoas, manter minha vida organizada e ser feliz em toda e qualquer oportunidade que possa surgir.
Utópico? Sim, pode até ser, mas como todas as outras coisas da minha vida, vou poder erguer a cabeça e dizer: “Pelo menos eu tentei”.
E que venham esses 45 dias (16/06/12 à 31/07/12), que venham mais desafios e que venha minha coragem também pra cumprir tudo que eu me prometi.
Se não der certo? Digo e repito: pelo menos eu tentei.

Raíssa Muniz

Acontecimentos (fragmento)


Dizem que certos acontecimentos podem mudar completamente o rumo de uma vida. Dizem que alguns fatos podem apagar memórias, ou pelo menos, entorpecê-las inconscientemente. Cresci acreditando nisso, e pra ser sincera, não tirei muito proveito dessa falsa crença.
As lembranças, sejam elas quais forem, sempre estarão presentes em novas situações da sua vida. Quando trazem sentimentos negativos, são aceitas pela mente com um consentimento repulsivo, um paradoxo digno de poesia. O que acontece, infelizmente, é quando chegam em forma de bons sentimentos, o que já se foi e não pode ser trazido de volta se torna nostálgico, e aí, até o que você imaginava ser o melhor de sua vida, acaba trazendo uma pontada de dor. 

Raíssa Muniz - 2011 (fragmentos)

Conto: Carta de Amor



  Então os tão comentados dez anos de casamento finalmente vieram à tona. A manhã surgia calma, ignorando a data especial tal como Ele fizera horas antes. Os passarinhos cantavam alegremente na janela da cozinha, iluminando o dia que seria perfeito para Ela. A ansiedade que emanava através de calor do corpo d’Ele era tão forte como o fogo que crepitava no forno, fritando o peru do tão esperado banquete. A alegria que Ela sentia naquele momento era poderosa e seu coração palpitava tal como o coração d’Ele fazia ao assistir a um jogo de futebol.
  Os passos d’Ele se aproximaram e como de costume, Ele abraçou a esposa por trás, dando-lhe um beijo de bom-dia e voltando-se para a comida, sem falar mais nada. O rosto d’Ela corou e seus olhos atentos fitaram as rosas que cresciam lá fora. O que Ela pensava era que Ele provavelmente estava guardando segredo para uma futura surpresa. Tudo bem. Deixaria assim e arrumaria o desjejum d’Ele.
  O olfato apurado que Ele tinha desde menino se alertou ao sentir o cheiro desconhecido da ave assando no fogo e seus olhos se voltaram para a mulher, com um ar de indagação fora do comum.
  — Sua mãe vem comer aqui hoje? — Perguntou fitando-a.
  Ela sorriu assentindo e voltou-se para o fogão. Como pudera duvidar d’Ele? Aquela pergunta só confirmava que Ele estava tramando algo e queria a presença da sogra para provar como era um bom moço.
  Ele fitou as costas da esposa, ainda sem entender os fatos. Coçou a cabeça e perfurou a ervilha que decorava o café da manhã com o garfo. Pegou uma das colheres que a mulher deixara ali na mesma e virou-a, olhando-se no verso. Como estava velho. Como estava acabado. Como os anos passavam rápido. Os anos...
  Não, Ele não recordou a data especial. Voltou o olhar para cima e tentou procurar motivos na alegria inesperada da esposa. Como ela poderia estar tão feliz com tantas dívidas? Ele desempregado. Ela apenas com bicos que fazia como costureira.  O que seria aquilo então?
  Seus pensamentos atravessavam as montanhas, tentando desviar o foco daquela confusão e ao mesmo tempo achar uma solução para aquilo tudo. Seus passos o carregaram de volta para a cama, onde Ele olhou o calendário com uma apreciação vazia. Dia 31 de Outubro.
  Dia da grande final do circuito de futebol. Dia 31 de Outubro.
 — Ah não, dia 31 de outubro! — Ele exclamou, levando as mãos à cabeça.            Finalmente se recordara. O aniversário de casamento deles. O sonho da vida d’Ela.
 Seu rosto ruborizou-se e seus olhos fitaram o vazio enquanto a imagem era borrada por uma lágrima intrusa que lavava-lhe o rosto suado. Ele esquecera. Não preparara nada. Não tinha dinheiro. Não tinha presente. Nem sequer atenção Ele tinha para dar a ela. Não tinha rosas. Não tinha belas palavras, nem sorrisos galanteadores. Tinha apenas a Si mesmo, e ainda assim fugia do próprio corpo, da própria mente. Perdera a noção de tempo e da realidade. Estava tudo acabado para ele, então. Velho, esquecido, desempregado e abatido. Um pacote e tanto que Ela aguentara por dez anos.
  Seu corpo ergueu-se e Ele se dirigiu ao guarda-roupa deles, abrindo as portas do lado d’Ela em busca de alguma pista. Foi aí que o avistou.



  O batom.

  Aquele batom que custara, na opinião d’Ele, os olhos da cara e que era desnecessário. O batom que desfez a economia do casal e fê-la sacrificar suas lágrimas em cima da mesa do jantar, enquanto Ele reclamava sobre tudo da sua vida, mostrando como ela era arrogante, soberba e descuidada. Sua boca emanava o hálito de bêbado enquanto o álcool realizava o verdadeiro efeito na sua cabeça. Ele abriu a boca por uma última vez naquela noite e disse o que estragou o mês d’Ela:
  — Não adianta. Nenhum batom do mundo vai te deixar linda novamente.     Aquela por quem me apaixonei se perdeu junto com as folhas que cobriam o chão no nosso casamento. Espero que tenha consciência e pare de tirar o nosso sustento investindo em algo irreparável. Tu és feia, não há como mudar isso.
  E Ela deixou a cabeça pender para baixo, enchendo um prato branco com suas lágrimas amargas. Ele caminhou com passos rápidos até a porta e a fechou com ferocidade, trancando-a em seguida e esmagando as plantas que Ela plantara com tanto carinho no jardim.
  Tudo isso por causa de um batom.
  E Ela não desistira. No outro dia, lá estava fazendo o café d’Ele de novo, e na mesinha, o batom estava depositado perto do vaso de flores, junto com uma lista telefônica e o número das suas inúmeras comadres. Venderia o batom e pegaria o dinheiro para comprar comida. Não ligaria mais para si mesma. De quê adiantaria aquilo tudo? Onde estava com a cabeça? Talvez em Marte, ou talvez... Talvez estivesse na vida que poderia ter tido se não tivesse se casado com Ele. E aí tudo estaria diferente.

  Ele continuou a fitar o batom, entristecido. Não achava Ela feia, falara apenas para se sentir superior. Era ruim para seu ego saber que dependia de uma mulher para viver. Era cabra macho, não uma florzinha. Seu lábio inferior pendeu e ele caminhou até o objeto de sua briga. Pegou-o e virou para a cama, onde a colcha branca emanava um cheirinho perfumado que só Ela conseguia deixar lá.
  Suas mãos carregaram o batom até a colcha e começando do lado d’Ele, o recomeço se personificou em forma de palavras.

  “Sabes como eu te amo, minha querida. Não precisa se preocupar com aquelas palavras inúteis que lhe joguei na cara um dia. Não precisa derramar suas preciosas lágrimas por mim. Eu não mereço tanto. Não precisa arrumar a casa com tanto cuidado depois de um sábado a noite só pra horas depois ver ela destruída por um bêbado descontrolado. Não precisa sacrificar seus dedos fazendo costuras para nos sustentar. Não precisa viver como uma escrava. Liberta-te. Viva o que não viveu ainda e sinta o que nunca sentiu comigo. Vou deixar meus passos insanos me levarem para outro rumo. Os mesmos passos que me levaram a bater na porta da tua casa um dia. Os mesmos passos que correram na direção contrária do teu amor e traíram-te com uma sombra desconhecida. Os mesmos passos ingratos que por tantas vezes tiraram o rastro dos teus pés de minha vida. Os mesmos passos que pisaram em cima do teu amor. São esses passos que vão me levar pra longe. Passos arrependidos.
  Não sei o que deu em mim hoje para ter acordado com esse sentimentalismo doentio. Talvez Deus tenha finalmente perfurado minha alma e deixado vazar todas as minhas inseguranças. Talvez teus pedidos tenham sidos atendidos e hoje pode ser o melhor dia de tua vida. E passará ele sem mim. Finalmente se livrará desse homem tirano. Agora tentarei reconstruir a Tua vida. Cairei ao chão como minhas lágrimas estão agora e andarei com meus próprios pés. Peço que não me carregue. É só assim que conhecerei a textura dos espinhos e a picada das formigas que encontrarei pelo caminho. Mas Tu deves descansar. Se eu pudesse construiria um banquinho acolchoado com a textura mais macia para você finalmente encontrar um conforto. Pelo menos o conforto dos pés, já que minha mente insana nunca estruturou a do resto do corpo. O conforto da mente. O conforto da alma.
  Viva. Apenas viva.
  Não peço que esqueças esses dez anos que deixou a vida passar ao meu lado. Minha covardia não deixa eu te pedir isso. Por favor, me promete uma coisa? Não esquece de mim. Lembra dessa minha cara de preguiçoso e fica feliz quando arrumar um homem melhor. Compara minhas ações com a de um cachorro, mas por favor, não esquece. Não esqueça do que vivemos, porque isso te fortificará. Não esquece de quando tínhamos um amor lúcido. Não esquece que eu te amei.”

  Ele terminou a carta de amor e transformou aquele batom, que antes era objeto de fúria, no instrumento do melhor presente que pudera dar a Ela em dez anos. Jogou-o de lado e abriu a janela, pulando para um novo horizonte e prometendo a si mesmo que passaria outros dez anos sofrendo para pagar os seus pecados.

  Ela surgiu no quarto logo depois e com os mesmos olhos atentos, encontrou a carta e a transformou em jóia rara quando borrou as palavras d’Ele com suas lágrimas, cobrindo-se com o último vestígio daquele amor. Seu único e verdadeiro amor.


Raíssa Muniz; 25.11.10

OBS: Sim, o texto ainda contém erros gramaticais. Escrevi o mesmo quando tinha 12 anos (não transferindo os erros para a idade, não entendam dessa forma), ou seja, já se passaram uns bons 2 anos e eu nunca voltei para editar o que coloquei aqui. Perdoem-me por qualquer erro que tenha ficado mais acentuado. 


Receita para curar a Decepção (ocasionada por Falsas Promessas).



“Promessa”, segundo o dicionário é o ato ou efeito de prometer, promissão. Coisa prometida. Voto, juramento. Contudo, se fosse para fazer uma análise agora, levando em conta o verdadeiro uso dessa palavra, poderíamos descrevê-lo assim: Ato ou efeito de enganar. Na exceção: poucos seres concordam em número e gênero com essa palavra. Nos primórdios era sinônimo de comprometimento. Hoje é de mentira e desleixo. Promete-se para esquecer, acalmar ou ludibriar. É uma palavra que tem seu significado alterado pelo mau uso contínuo. Para exemplificar, abra na página correspondente ao número da sua casa/apartamento, leia o parágrafo da decepção, aquele que começa com a inicial do enganador e escolha uma entre as várias promessas que já te fizeram e nunca cumpriram. Ah, tudo isso no Livro da Vida, que fica na prateleira que traz a sua idade na Grande Biblioteca do seu coração. Se não gostar de procurar tanto, olhe pra pessoa que estiver mais perto de você neste momento e estreite os olhos. Geralmente os sintomas de “falsas promessas” aparecem após duas horas de a vítima ter ingerido a substância. Para tratar, traga um calendário e deixe o Tempo marcar o dia certo. Nada de ir ao hospital, geralmente o estado piora. Quem está com essa doença sempre acha que vai morrer e se decepciona mais uma vez quando o médico anuncia que não é nada. Também não tente curar o paciente com palavras avulsas. Elas também estão sendo desvalorizadas no Mercado da Cura. São vendidas por 1,99 em qualquer banca de jornal, contendo todos os conselhos para todas as situações da sua vida. Não recorra a essa categoria das letras. Se realmente quiser verbalizar ou escrever algo, que o faça com o coração. É essa a diferença entre palavras avulsas e palavras verdadeiras: uma quer ajudar, já a outra só que o seu dinheiro.
Outra recomendação: não jogue na cara do paciente que já sabia o que ia acontecer. Isso só ocasionará em mais dias de auto-sofrimento, onde o mesmo terá a Decepção de nunca ter visto nada. Esconda-o por alguns dias, solte-o dentro de casa e não se assuste quando topar com ele embaixo da sua pia ou ao lado do fogão. Geralmente os mais contidos ficam na cama, enrolados em um lençol enquanto desconfiam do Travesseiro também estar prestes a decepcioná-lo. Não se assuste com situações inusitadas; elas sempre irão acontecer. Apesar de tudo, se realmente quiser medicá-lo com coisas materiais, darei uma dica. Contudo, aviso logo: ao fazer isso você também está prestes a se decepcionar.
Leve o paciente a um abrigo, podendo esse ser crianças, idosos ou animais. Mostre como é a vida lá e deixe-o sozinho no âmbito por algumas horas. Traga algum morador para socializar com ele. Se for um cachorro, faça-o lamber a cara do visitante sem pudor algum. Se for uma criança, peça que dê um abraço. E se for um idoso, pergunte-o por uma lição de vida. Não mostre suas intenções ao fazer isso, deixe que o paciente perceba sozinho.
Não diga pra ninguém, nem mesmo pr’os moradores, por que o levou ali. Deixe que a própria Vida mostra. A informação deve ser passada indiretamente, sem que ele desconfie, sem doer ou causar impacto. Contudo, quando ela chegar, você mesmo será surpreendido. O paciente, antes tão vulnerável, conseguirá recuperar suas forças novamente e vai te deixar com um olhar bestificado.
Ah, lembra de quando eu disse que você mesmo ia se decepcionar ao fazer isso? Então, é porque depois de tanta coisa, ninguém leva um doente a um abrigo esperando que ele se cure lá. Você também não devia acreditar. Pois é, olha aí sua Decepção.

Raíssa Muniz, 19 de Julho de 2011.

Uma em seis (por Cecília Maria)


- Você acredita em alma gêmea?
- Acredito que ninguém nasce para ficar sozinho. Há 6 bilhões de pessoas no mundo, e para cada uma delas existe sempre alguém disposto a ouvi-la, alegrá-la, consolá-la e amá-la. Alguém que vai fazer dos momentos felizes os mais perfeitos e dos ruins, menos difíceis. Alguém que vai sorrir ao vê-la e dar aquele abraço. Alguém capaz de depositar nela total confiança e conversar sobre tudo. Alguém que mesmo depois de ouvir coisas absurdas e dolorosas durante um desentendimento ainda vai te olhar e te amar da mesma maneira.  Alguém que nunca vai duvidar e nem abusar de sua confiança. Alguém que vai protegê-la do frio e arriscar-se por ela. 6 bilhões de pessoas. 6 bilhões de almas. E algumas vezes, você só precisa de uma.


Cecília Maria (cecismaria.blogspot.com) 


Achei esse texto lindo e o retirei do blog da Cecília. Vocês podem acessá-lo com esse link: http://cecismaria.blogspot.com.br/2012/02/uma-em-seis.html

Meu maior acerto, meu maior erro... (por Gui Tritany)

É estranho pensar que tudo mudou, e continuar com aquele gostinho, querendo cada vez mais...Quando a gente se viu, foi a comoção, choramos juntos por umas horas, e a cada segundo, sentindo um novo calor, fruto de um abraço tão gostoso, que nunca vai deixar minha emoção. É porque amar é tão doído, que vamos nos largar no mundo, sentindo nossas dores até que a saudade as transforme em sorrisos. Não estou feliz. Claro que vai doer demais, mas não sou eu quem manda, e foi tudo minha culpa. Eu tenho é que lutar pra mudar, pra ser sincero sem machucar, pra ser honesto e não me afastar, tenho que amá-la em silêncio... Se eu pudesse tê-la de volta agora, talvez as coisas fossem diferentes, mas acho que é assim que se cresce, e é assim que ela quer crescer. Amor não vai faltar, e eu estarei esperando o seu coração esquecer essa dor, pra se juntar ao meu, de novo.Daqui pra frente, não sou mais eu. Tenho que me descobrir, e a viagem há de ser longa e intensa...Quando eu voltar, mais moreno e cansado, a gente se liga.

G. Tritany





P.S: Vi esse texto no blog do Gui Tritany (http://eletrosaladestar.blogspot.com.br/2011/02/meu-maior-acerto-meu-maior-erro.htmle achei lindo. Está aí agora, reblogado com os devidos créditos.

Carta para uma amiga


Vou te dizer uma coisa, ou melhor, repetir algo que você já sabe: quem te ama de verdade, nunca te abandona. E se abandona, é porque aquele amor não era tão verdadeiro assim. Quem ama de verdade corre atrás, se preocupa e procura saber como vai a vida do outro. Mesmo quando a própria vida está indo por água abaixo. Quem ama de verdade ri, manda mensagens e te faz feliz. Mas tem aquele que ama, mas tem medo do que pode acontecer. Tem aquele que ama e mente pra si mesmo que tudo é ilusão. Não desista do que está acontecendo, do que aconteceu ou do que ainda vai acontecer. A vida tá aí pra ser vencida, pra ser conquistada e pra ser a base de um belo sorriso. Acredite, isso vai acontecer. Não veja isso como mais palavras vazias de qualquer um, por favor. Sei como palavras machucamsei como você está machucada. E sei também que dizer que te amo e que amiga é pra isso não vai ajudar em nada. Mas estou tentando, e vou continuar assim até você perceber que uma pessoa não pode mudar sua vida quando não é pra melhor. Não vou ficar quieta vendo você sofrer, e tenha certeza que vou dizer isso até você cansar, ou melhor, até eu cansar. Amizade está aí pra fortalecer, pra ajudar, pra abraçar e pra acolher. Posso não ter feito nada disso ainda, mas senti o suficiente pra ter orgulho de te ajudar e dizer: amiga, eu te amo. Tô aqui na luta, na queda e na vitória. Não sou suficientemente digna pra falar algo assim pra uma pessoa, mas quando falo, é porque vale a pena. Cuide-se

Raíssa Muniz - 2011.

Ainda vai valer a pena.




E a gente acredita. E tenta crer, tenta ver, tenta sentir. Ou melhor, tenta não sentir. A gente tenta sorrir. Tenta arranhar o ar com os dentes. Tenta ver além do que as coisas aparentam. Tenta ser mais forte, mais feliz, mais corajosa. Tenta viver.
Sim, a gente tenta passar o tempo com outras coisas. Tenta pegar mais livros pra ler, tenta se apegar mais aos estudos. A gente até consegue — é verdade, só por alguns dias.
Sabe, a gente tenta continuar. Tenta esquecer, fingir que nunca houve nada. Tenta conhecer mais pessoas, mais sorrisos, mais situações. Ou pelo menos fingir que estava conhecendo.
O que a gente não tenta é esquecer aquelas lembranças. E dói. Como dói. Mas não adianta negar. Você não pretende esquecer algo que, mesmo doloroso, te fez feliz um dia. Pode até dizer à todos que está esquecendo, pode até dizer à si mesma, todos os dias, que o esquecimento está próximo. Mas não esquece.
Não se culpe se algo aparentemente prejudicial se infiltrou na sua cabeça. Ainda: não se culpe se essa coisa “prejudicial” te fez feliz um dia (ou ainda faz). Não se culpe se a esperança ainda teima em crescer no seu peito.
Um dia você entende. Um dia você percebe o que te levou a viver tudo isso.

Raíssa Muniz - 04/06/12