Acabo
de terminar a leitura de “A Viagem do Peregrino da Alvorada” e realmente não
encontro palavras para descrevê-lo. De todos os livros que li até agora d’As
Crônicas de Nárnia, esse foi o que mais me emocionou. Não só pela riqueza das
suas descrições e aventuras, mas por seu próprio desfecho.
Quem
acompanha as aventuras de Susana, Pedro, Edmundo e Lúcia sabe que Nárnia se
tornara uma segunda e aconchegante casa para os irmãos. Indo um pouco mais
longe, quem realmente percebe as mensagens que C.S. Lewis deixa nas entrelinhas
de seus livros percebeu que com esse livro, o desfecho fantástico que há tanto
os leitores aguardavam nos outros livros finalmente chegara.
Quem
lê “A Viagem do Peregrino da Alvorada” percebe a mensagem oculta que C.S.
Lewis deixou para as crianças (e adultos) que tivessem a oportunidade de ler a
história. Como cristão fervoroso, Lewis tentou através de seus livros narrar a
criação do mundo e a diversas manifestações de Deus de modo personificado, para
o melhor entendimento das crianças.
O
autor fez isso de tal forma que a única coisa que consigo dizer após terminar
de ler esse livro é: fantástico! Acho que um leitor que pegue apenas trechos
soltos do livro não entenderá o sentimento que este enredo traz, mas para quem
desde o início vibrava a cada nova descoberta dos irmãos Pevensie, o seguinte
trecho resume toda a grandiosidade e genialidade de Lewis ao aproximar os
leitores à obra cristã:
“—
Por favor, Aslam. — disse Lúcia —, antes de partirmos, pode dizer-nos quando
voltaremos a Nárnia? Por favor, gostaria que não demorasse...
—
Minha querida — respondeu Aslam muito docemente —, você e seu irmão não
voltarão mais a Nárnia.
—
Aslam! — exclamaram ambos, entristecidos.
—
Já são muito crescidos. Têm de chegar mais perto do próprio mundo em que vivem.
—
Nosso mundo é Nárnia — soluçou Lúcia. — Como poderemos viver sem vê-lo?
—
Você há de encontrar-me, querida. — disse Aslam.
—
Está também em nosso mundo? — perguntou Edmundo.
—
Estou. Mas tenho outro nome. Têm de aprender a conhecer-me por esse nome. Foi
por isso que os levei à Nárnia, para que, conhecendo-me um pouco, venham a
conhecer-me melhor.”
Este
trecho aconteceu logo depois do próprio Aslam (que para quem nunca leu a saga,
é um leão) ter se transfigurado de um cordeiro para sua forma felina original.
Ousadia
foi o que não faltou em C.S. Lewis ao escrever este desfecho. Realmente estou
satisfeita com a leitura, apesar de não ser uma cristã fervorosa da mesma forma
que era Lewis. Acho que, de certa forma, a leitura de “A Viagem do Peregrino da
Alvorada” me ajudou muito a refletir sobre minha própria vida. Poucas vezes
antes eu experimentara isso de forma tão viva com algum livro (e vale
considerar que eu saio garimpando muuuuitos livros todos os meses à procura
dessa sensação). Sem dúvidas, merece ser lido. Com calma, com atenção. A
mensagem que C.S. Lewis deixou merece ser analisada tal qual ele próprio gostaria:
por olhos de adultos e um coração de criança.
Raíssa Victória Muniz
09/01/12
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