A noite é um martírio.



Um dia inteiro de bons momentos se esvai quando a noite chega. Seja ela real ou imaginária, concreta ou metafórica, a noite sempre vem para todo mundo.
Tão verdadeira quanto a realidade de quem crê neste momento, a noite traz a inquietude de dúvidas que crescerão a cada escurecer. Por ser subjetiva – alguns veem a noite como festa – suas consequências também mudam de ser para ser. O fato, contudo, é que ela chega. Invariavelmente, para a criatura de farra e a de suplício, ela surge.

Complexo é quando as duas criaturas – o polo positivo e o negativo – coexistem no mesmo corpo. Confuso é entender que isso acontece com todos, a qualquer momento — a noite, afinal, pode engolir até o mais belo dos dias.
Em “dias de noite”, a festa nem sempre existe. O riso nem sempre é genuíno. A dança nem sempre contagia. Os vícios nem sempre fazem efeito. “Dias de noite” passam. Mais rápido para alguns, é verdade. A solicitude que eles [os dias de noite] invocam é capaz de estorvar qualquer dia completo. A noite é um martírio.

Raíssa Muniz, 12 de janeiro de 2014


(Em uma dessas noites de martírio.)

OBS.: Este texto pode ter várias interpretações, como a maioria dos que eu escrevo. Em geral, este costuma ser o meu "estilo". Escrevo sobre uma coisa usando a maior variedade possível de artifícios que eu conseguir para mascarar o verdadeiro assunto do texto. Não me orgulho disso, pelo contrário: é o único modo que encontrei para escrever para mim.